quarta-feira, 8 de agosto de 2007

As curvas



E, porque é um assunto da nossa actualidade política da nossa terra, permitimo-nos transcrever texto hoje publicado no DA, sobre as curvas de Stª Joana.

As Curvas de Santa Joana

Talvez ufano, na gestão do acontecimento estival que constituiu a travessia do ferry para S.Jacinto, como todos sabemos, autêntica epopeia, só com parâmetros semelhantes na saga dos Descobrimentos, eis que, em declarações ao Jornal de Aveiro, o dr. Élio Maia, aparece como protagonista fortuito, a invectivar o dr. Marques Pereira, acusando-o, entre outros epítetos, de desrespeitar a vontade popular de duas freguesias do nosso concelho.
O dr. Marques Pereira, jamais nos delegaria qualquer competência que visasse a sua defesa política. Disso, manifestamente não precisa, como claro ficou no seu comentário, publicado na 2ª feira, nas páginas deste jornal.

Mas, o que fundamentalmente nos anima e nos motiva para realizar esta intervenção é o patético mau gosto estético adoptado na construção da abordagem à questão das avenidas, pelo dr.Maia. O facto político que procurou criar, padeceu desde logo, de grave enfermidade, dado que, foi estruturado visando o ataque pessoal ao Vereador Socialista, subalternizando o que é importante, o futuro das populações das freguesias de S. Bernardo e Santa Joana, e, em última instância, hipotecando o desenvolvimento da nossa cidade.
Para as freguesias de S. Bernardo e de Santa Joana, estavam previstas pelos executivos do P.S., duas avenidas, superiormente concebidas por técnicos de competência inatacável. Lineares e estruturantes. Voltadas para o futuro, para a expansão, integradas no desenvolvimento natural da cidade, que claro, expandir-se-á em primeiro lugar, para as zonas de maiores afinidades estruturais, sociais e geográficas. A existência de amplas avenidas em S. Bernardo e Santa Joana, traria a estes locais, o desenvolvimento, o cosmopolitismo, a valorização dos bens e a recorrentemente proclamada qualidade de vida.

Concluímos pela intervenção do Sr.Presidente Maia, que S. Bernardo não terá avenida, e que os seus moradores terão que suportar o trânsito automóvel, na sua via principal, que poderia ser transformada num belíssimo boulevard.

Ficamos ainda a saber em definitivo, que a avenida de Santa Joana terá curvas e contra curvas, contornando interesses, visões rústicas e campesinas, em notório prejuízo da referência de desenvolvimento.
Compreendemos o sentimento que assiste o dr. Marques Pereira, quando refere que, para satisfazer poucos, muitos foram prejudicados.
Os actuais e os anteriores dirigentes destas freguesias possuem, no nosso entender, uma visão imobilista do desenvolvimento, patenteando manifesta dificuldade em olhar para o horizonte, que deles se afasta sempre que de alguma maneira, dele se procuram aproximar.

A minoria que estabeleceu com o beneplácito do Executivo Municipal e das juntas de freguesia afins, a inexistência de uma avenida em S. Bernardo e a opção pela curvilínea via em Santa Joana, perdeu uma oportunidade histórica.

Seria naturalmente indemnizada, adquiriria singular oportunidade de ter os seus bens noutro local, melhor localizados e concebidos, mais modernos, corrigidos dos lapsos e erros impostos pela passagem do tempo, com melhor arquitectura e ainda saboreariam a satisfação de ter participado num projecto cujo objectivo último era o benefício do colectivo, a modernidade.
A miopia dos nossos autarcas, isso impediu.

Ao serem confrontados com esta realidade estala-lhes o verniz, abrindo-se uma brecha através da qual, vislumbramos comportamentos, atitudes e enfim, vimos a alma daqueles que, habilmente, lá vão disfarçando o que lhes vai no íntimo.

Mas, o discernimento impõe-nos o optimismo, a esperança. Este executivo, como as árvores de folha caduca despir-se-á, terá o seu Outono.
Os aveirenses aguardarão a primavera que celebrarão com incontido júbilo.

Aveiro, 08.08.2007

2 comentários:

Terra e Sal disse...

Uma saudação respeitosa e amiga para Vª Exª Senhor Marechal.
Interessante a sua ideia de espalhar aqui no seu campo de batalha os despojos da reza fúnebre que foi feita no Diário de Aveiro ao presidente da Câmara.
Temos de reconhecer que Élio Maia licenciado em filosofia não sabe conversar com os outros e desconhece a velha máxima de:
“Comportamentos, geram comportamentos!”
Veja só a confusão que o homem arranjou por não saber usar a arma mais linda que há:
“A retórica!”
Saiba que, o Salmaritimo na sua humilde caserna tocou o clarim para comunicar a todos os que por ali passam o drama de Aveiro, e o mau acordar de um presidente de Câmara.
Sabe Senhor Marechal, ainda lhe queria dizer mais uma coisita antes de me ir embora…
Pensei na versão verberada pelo Dr. Élio Maia contra o Vereador, contra o Partido Socialista e se reparar bem, afrontou até os ex-autarcas, seus antecessores.
Será que o senhor Presidente andou a treinar intensivamente em alguma escola de “como falar e como escrever” e quererá ele agora medir forças de eloquência com o antigo presidente socialista?
Não é por nada, e longe de mim ver confusões e ser intriguista mas para mim aquilo levou água no bico.
Retiro-me Senhor Marechal renovando com estima as minhas saudações

Marechal Ney disse...

Meu caro Terra & Sal:

Essa vertente filosófica, do nosso Preseidente,é muito interessante, mas penso ele não será muito dade à retórica de qualidade:

Terá duas facetas;a faceta da retórica na versão ataque pessoal, e a outra versão, esta sim dominante, que é a meditação silenciosoa e profunda.


Já agora aproveito para referir aquela sua máxima, "comportamentos gera comportamentos". Acho-a demolidora.