quarta-feira, 25 de julho de 2007

Ribeiradio, Ribeiradio

Sobre a energia hidroeléctrica e sobre a construção de barragens, não temos nenhuns conhecimentos. Nem técnicos, nem científicos. Temos sim a assistência do senso comum, que nos envolve, que nos sustenta e que se expressa por valores, tais como as reservas estratégicas de água, a sua utilização, para os mais variados fins e a manipulação do seu comportamento, nomeadamente, em anos de bastante pluviosidade.

Recordamos o Rio Mondego, que em Coimbra, há anos, deslizava timidamente, quase envergonhado pelo imenso areal, tentando cada vez mais enfraquecido, chegar ao mar. A Barragem da Aguieira, uma belíssima obra até pelo aspecto da sua arquitectura, com o enquadramento do Açude da Raiva, para além das albufeiras a montante, trouxe para a cidade, um lago permanente, um regalo para os olhos, amenizou o seu clima, disciplinou o comportamento dos caudais, garantiu a abastecimento de água, e, claro, para além da produção eléctrica, sustenta o sistema de rega do Baixo Mondego. Enfim, uma mais valia ambiental.

A Engenharia Portuguesa tem grande conhecimento na planificação e construção de obras deste tipo, tão bem expresso nas Barragens de Castelo de Bode, Alqueva, Cohora Bassa, Aguieira, etc; obras de grande longevidade, que tecnologicamente domina.


Temos a questão de Quioto, com o controle das emissões, os caminhos do nuclear, sinuosos, labirínticos, que ninguém está na disposição de percorrer e o custo do petróleo, entre outros argumentos, a impor-nos a construção da Barragem de Ribeiradio. Surpreende-nos, no entanto, o vacilar do poder político, os avanços, os recuos, produzindo uma dilação não compreensível. Este empreendimento, com tão óbvias prioridades, não pode ter concursos realizados, anulados, modificados e esperar 50 ou 60 anos para ser realidade.

A culpa não será só dos governos, dos ministros, dos institutos.
Sendo destes, é também, de todas as instituições interessadas, a montante e a jusante de Ribeiradio, que em uníssono e em permanência, têm de projectar a irreversibilidade da barragem e da urgência da sua construção.

2 comentários:

Terra e Sal disse...

É reconfortante senti-lo novamente pelos nossos lados, senhor Marechal.
Deixe-me cumprimentar antes de mais a sua respeitável pessoa e já agora, felicitá-lo pelo novo visual que apresenta, que é muito chic.
Sempre pensei com os meus botões que teria desaparecido em combate, mas o meu coração dizia-me que não. Pelos vistos, tinha razão!
Interessante que venho encontrá-lo aqui, são e salvo, e ainda com mais agudeza na visão estratégica. É uma resenha enriquecedora aquela que faz das águas de norte a sul do país, particularmente, das zonas envolventes entre o Vouga e o Mondego.
Belo texto.

Era bom que todos nós reflectíssemos sobre ele. A água, um bem escasso, é um assunto muito sério, que merece a reflexão de toda a gente.
Efectivamente, os “pingos” do “basófias” transformaram toda aquela região em interessantes mais valias, e elas como diz, são bem diversificadas.

Sobre a falada, mas sempre adiada barragem de Ribeiradio deixe-me cumprimentar daqui o senhor Presidente da Câmara de Sever de Vouga, Manuel Soares, e toda a sua equipa, que não se têm cansado de lutar para que a barragem de Ribeiradio seja uma pródiga realidade. Era bom que ela se concretizasse a breve trecho, mas parece-me que não. Os benefícios produzidos em toda esta região do Vouga, são por de mais importantes e ricos, para estarmos à espera tantos e tantos anos.

Sabermos das potencialidades da água na nossa vida e bem estar, dá efectivamente dó vermos a inércia que temos à volta dela.
Os vindouros um dia vão lamentar-se e condenar-nos por tão pouca preocupação e amor que demonstramos pela natureza, e por eles.
Retiro-me Caro Marechal.
Foi um gosto e um prazer ter este monólogo consigo.
Um abraço

RM disse...

Seja bem regressado caro Marechal.
Abraço
Raul Martins